quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Lendas e Historias


HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Uma vila no meio do lixo

Das favelas que surgiram na Baixada Santista, uma das mais pobres, quase um marco da situação econômica a que chegou o Brasil nos anos finais do século XX: a Vila dos Criadores se consolidou na década de 1990 em meio ao depósito de lixo formado (a partir de 1972) no extremo da área de mangue da Alemoa, entre o Distrito Industrial e o Rio Casqueiro/Estuário. Não por acaso: seus habitantes viviam da coleta de restos de lixo que pudessem reciclar, e mesmo de restos de alimentos que ainda conseguissem engolir, disputados aos urubus que infestavam o local.
Com o esgotamento da capacidade de recebimento de lixo nesse local, e a necessidade de instalação de sistemas para manejo ambiental nesse lixão, bem como no então criado aterro sanitário do Sítio das Neves (área continental de Santos), os catadores de restos de lixo tiveram seu acesso ao depósito impedido em janeiro de 2003, mas, por falta de opção, continuaram residindo nas imediações, do que resultou a continuidade da Vila dos Criadores.
A imprensa já registrava em 15/3/1976 a presença dos catadores no lixão da Alemoa:


[...] O fechamento da área da descarga do lixo será condição essencial para a realização do aterro sanitário. Além disso, será eliminado um problema social, pois homens e mulheres que vivem de separar objetos do lixão não mais poderão exercer essa atividade. Na área, a Prodesan vai exercer uma atividade privada, portanto terá o direito de fechar o terreno. E a movimentação de equipamentos pesados exige também o fechamento do local, para proteger pessoas estranhas ao serviço, que poderiam acidentar-se. [...]
Entre os muitos problemas dessa comunidade, um incêndio, assim registrado peloDiário Oficial de Santos, na edição de 11 de agosto de 2004:
Incêndio na Vila dos Criadores - Três casas foram destruídas pelo incêndio de ontem na Vila dos Criadores. As 15 pessoas que fazem parte das famílias que moravam no local foram atendidas pelos técnicos do Centro de Referência Social da Alemoa, da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac). De acordo com os vizinhos, o incêndio começou por volta das 12 horas e às 14h30 já havia sido controlado pelo Corpo de Bombeiros, que ainda não revelou a causa do incêndio. Felizmente, ninguém ficou ferido. Os moradores foram para casa de parentes, dispensando abrigo da Seac, mas as três famílias perderam todos os bens como roupas, móveis e alimentos.
Trabalhando com lixo

Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. 
Um dos grandes problemas que a Baixada Santista sentia já então a necessidade de equacionar era o da destinação do lixo. Ao mesmo tempo, surgiu uma nova questão social: o que fazer com a população pobre que se instalou próximo aos depósitos de lixo e passou a viver como coletora/recicladora de objetos e restos de alimentos. Olixão da Alemoa, desativado em 2003, continuava sendo notícia no final de 2004, como se observa na matéria publicada em 10 de dezembro de 2004 no jornal santistaA Tribuna:

ECOLOGIA
Lixão reciclado
Área que recebia detritos na Alemoa deverá abrigar um Parque Ecológico Municipal
Da Reportagem
A menos de um mês da data de aniversário de sua desativação, a área do antigo Lixão da Alemoa, na Vila dos Criadores, deixará de pertencer à Zona Portuária do Município para integrar a Zona de Preservação Paisagística.
A proposta de alteração do mapa do zoneamento da área foi aprovada por unanimidade na última reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU). Mas a reclassificação da região, estabelecendo as atividades que poderão ser admitidas no local, ainda depende de novas discussões no CMDU. Como não haverá mais reunião do Conselho este ano, a mudança só deverá ser efetivada em 2005.
Sugerida pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, a alteração visa adequar a legislação municipal e garantir a instalação do Parque Ecológico Municipal no local.
Até o momento, o projeto encontra-se "em fase de estudo" pela Secretaria Municipal de Meio-Ambiente (Semam). Também não há data de quando começará a ser executado. Tudo ficará para ser definido pelo próximo governo.
No entanto, é praticamente certo que o futuro parque não abrangerá a totalidade da área do antigo Lixão. Parte do terreno desativado deverá continuar recebendo os detritos destinados ao transbordo até o Aterro Sanitário do Sítio das Neves, na área continental.
A separação do material de reciclagem antes do envio para o aterro, como acontece no Parque Ecológico de São Vicente, no antigo Lixão do Sambaiatuba, ainda será avaliada pelos técnicos da Prefeitura.
Com o fechamento do Lixão, depois de uma longa briga judicial que envolveu a Cetesb e o Ministério Público, os ex-catadores foram proibidos de ingressar na gleba controlada pela Terracom.
A empresa vencedora da licitação para coleta e destinação final dos detritos sólidos mantém uma equipe de seguranças. Ninguém pode entrar sem autorização, inclusive a Imprensa.
Afastados do trabalho no Lixão, cerca de 100 moradores da Vila dos Criadores foram aproveitados na frente de trabalho da Prefeitura. Eles fazem limpeza de rua e serviços de ajudante geral, em troca de um salário mínimo.
Outros, porém, ficaram de fora e permanecem sobrevivendo da reciclagem. O trabalho é realizado na rua, de forma bastante precária (ver matéria).
"O mais provável é que os recursos sejam obtidos por meio de convênios com os governos Estadual e Federal"
Carlos Tadeu Elzo
Chefe do Planejamento Ambiental da Semam

Obrigação - A criação do Parque Ecológico faz parte do projeto de recuperação da área degradada. A exigência foi imposta pela Cetesb durante o processo de desativação, que se arrastou por mais de 10 anos.
De acordo com o chefe do Departamento de Planejamento Ambiental da Semam, Carlos Tadeu Eixo, há previsão de recursos do Orçamento de 2005 para o projeto. Mesmo assim, a Prefeitura espera realizar parcerias para a implantação do parque.
"O mais provável é que os recursos sejam obtidos por meio de convênios com os governos Estadual e Federal", disse Eizo, que ainda não tem um cálculo de quanto custará o parque.


Em 2005, a área do antigo Lixão da Alemoa deverá integrar a Zona de Preservação Paisagística
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Usina - Entre 1972 e janeiro de 2003, período em que esteve em funcionamento, o Lixão recebeu milhões de toneladas de lixo. Durante essas três décadas, o descarte produziu uma montanha de detritos, hoje cobertos por uma vegetação rasteira.
Por causa dos gases tóxicos, a área é considerada imprópria para projetos habitacionais.
Em fevereiro deste ano, a Prodesan anunciou que mantinha contatos com o governo do Canadá para instalar uma usina de energia no local. A geração seria feita a partir da exploração do  gás metano, substância que emana de resíduos orgânicos em decomposição.
Ex-catadores ainda vivem de reciclagem
A desativação do Lixão da Alemoa não foi suficiente para acabar com o trabalho de reciclagem na Vila dos Criadores. Os ex-catadores agora trabalham na via que dá acesso ao local. A menos de 50 metros da área de transbordo, um depósito de material foi improvisado numa calçada. Os produtos não aproveitados são descartados e queimados na rua por moradores.
Para garantir a sobrevivência, um grupo de ex-catadores pára os caminhões que vão até o local depositar o material recolhido em caçambas. Eles retiram os produtos recicláveis antes de serem enviados ao Aterro Sanitário do Sítio das Neves, na área continental.
"Só alguns motoristas de empresas particulares deixam a gente fazer o recolhimento. Os caminhões da Terracom, mesmo quando estão cheios de material de reciclagem, seguem direto", afirma o desempregado André Luiz Lopes Pereira.
O ex-catador diz que se inscreveu na frente de trabalho, mas não foi chamado. O salário que é pago pela Prefeitura também foi considerado "muito baixo". Ele garante que dá para faturar mais trabalhando por conta própria.
"No tempo do Lixão, dava até para tirar R$ 1.800,00 por mês, no período de festas de final de ano", conta Pereira, que reclama da falta de amparo do Poder Público. "A gente tinha que ser indenizado quando fecharam o Lixão. O que vou fazer da vida sem estudo e sem trabalho?"
Mais caro - O que mais revolta os ex-catadores é o fato de que papel, plástico, vidro e material estão sendo "enterrados" no aterro sanitário. Como não há separação por tipo de lixo, materiais orgânicos e recicláveis têm o mesmo destino. 
Fabiano Ranulfo Andrade, de 27 anos, não entende o motivo da proibição. "Como a Prefeitura paga por lixo recolhido e transportado, seria mais barato se a gente fizesse a separação. Acredito que o peso cairia pela metade e o custo também", diz o ex-catador.
No dia 7 de janeiro de 2003, o Lixão da Alemoa foi desativado oficialmente. Depois de funcionar por mais de 30 anos, o local deixou de receber o lixo produzido na Cidade. Simultaneamente, passou a operar o Aterro Sanitário do Sítio das Neves, na área continental, com capacidade para receber 2,8 milhões de toneladas de lixo. O novo aterro tem uma vida útil estimada de 20 anos. Na oportunidade, o prefeito Beto Mansur (PP) informou que tinha planos para aterrar a área do antigo Lixão e utilizá-la para o plantio de árvores. A idéia era criar um "segundo horto municipal".

Mais até hoje o seu cotidiano continua, com duas  ações com o ministério publico, não podendo melhorar suas condições de Saúde, Social, Educacional etc... e cada vez maiores invasões em um local que se encontra mais de (400) Quatro sentas familias e aumentando !!!     






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